07/01/2014

Como se cria um idolo

 


O ídolo não se cria a ele próprio;

é a sociedade que o faz surgir.

 

É a necessidade

da fuga à realidade,

ao confronto com as dificuldades,

que produz a fantasia

através da qual se cria

o ídolo.

 

O ídolo não é real;

é imaginário,

e, porque é imaginário,

não se cria a ele próprio.

É o imaginário da sociedade

que o cria, recria, sustenta e comanda

em função da necessidade

do colectivo social

que, alienando-se do mal,

com o fim a viver

ou a sobreviver

neste mundo atual,

gera a fantasia

com que constrói o ídolo.

 

Vivemos numa sociedade

de verdadeira loucura

motivada pela desumanização,

pela corrupção, pela ambição,

pela exploração do ser humano!

 

Esta realidade gera frustrações

que conduzem

 à transferência de perturbações,

à anulação da personalidade,

alteração da identidade.

 

Vivemos numa sociedade

de verdadeira loucura,

de permanente tortura

motivada pela corrupção

que gera a necessidade

de alienação.

 

A alienação

faz da pessoa a negação.

O alienado deixa de pensar,

de agir, de atuar.

 

Apenas, resta ao imaginário

o ídolo criar

para que o ser humano

se possa alienar

e viver feliz, a sonhar…

 

Enquanto existir um ídolo

que se possa adorar,

pensando no céu estar,

viverão em paz e tranquilidade

numa corrupta sociedade.

 

Não irão agir, não irão atuar,

deixarão a caravana passar!

 

Viverão felizes a sonhar…
                                   

Poema de - Zélia Chamusca
Fonte de imagem - Google
                    

4 comentários:

A. João Soares disse...

Cara Amiga Zélia,

Com a proliferação de ídolos, embora efémeros, estamos a regredir para a mais antiga fase da humanidade em que o politeísmo consistia na adoração de um Deus para cada problema que o homem não percebia, o sol, o mar a lua, o vento a trovoada, etc . Mas o mundo foi evoluindo e a ciência foi dando respostas a muitas dúvidas e, então surgiu o monoteísmo.

Hoje adoram-se muitos ídolos efémeros, desde o dinheiro ao objecto tecnológico com mais capacidades que os anteriores, ao dinheiro, às pessoas que se destacam em actividades populares, mesmo que sem significado cultural sem contributo para o desenvolvimento mental e científico, como o futebol e os espectáculos alienantes. O Papa Francisco tem-se referido muitas vezes a esse culto dos ídolos efémeros que impedem o relacionamento construtivo com os familiares, colegas e vizinhos, e por vezes criam separações e conflitos clubísticos.

Beijo
João

Luis disse...

Amiga Zélia,
Este seu poema é belo e simultaneamente um alerta para os ídolos que se têm vindo a ser criados ao "sabor das ondas"... E são tantos e tão miseráveis!
A sua Luta tem sido a nossa em alertar o Povo a não aceitar tais "ídolos de pés de barro"!Há que continuar e agora temos um bom exemplo a seguir o PAPA FRANCISCO!
Beijinhos amigos e solidários.

Zélia Chamusca disse...

Ilustre Sr. A. João Soares,

Fico feliz por estar na mesma linha de pensamento que eu.

No poema digo o mínimo que posso dizer não ferindo suscetibilidades pois, muito mais teria para dizer. Constato que não é necessário porque "para bom entendedor meia palavra basta".

Espero que com a minha linguagem simples, clara, transparente tenha transmitido a mensagem ao mais comum dos mortais e que lhe sirva de reflexão sobre a vida e a sua manifestação enquanto ser humano em relação a ídolos fictícios, criados a partir de necessidades psicológicas como meio de fuga à realidade e que vejam que tais manifestações de massas revestem-se de bastante interesse para aqueles que detêm o poder no sentido de mais facilmente as poderem manobrar.

Muito grata, A. João Soares, por seu importante comentário.

Beijinho,

ZCH

Zélia Chamusca disse...

Amigo Luis,

Fico feliz por apreciar o que escrevi.

O Papa Francisco transmite-nos permanentemente uma mensagem de amor, o verdadeiro amor que Cristo nos veio deixar.

Hoje surpreendeu-nos de novo com a sua simplicidade, pureza de alma e fraternidade ao dar boleia, no papamóvel, a um seu amigo Padre, conterrâneo.

Eu fico sufocada, sem palavras para definir ou falar sobre este extraordinário Homem que Deus nos enviou.

Espero que consiga renovar as mentalidades e os corações dos homens.

Grata por seu comentário e beijinho,

ZCH