28/04/2013

Uma ilha e outra era


 

 

Habitei uma ilha,
Não sei que ilha era.
Era de outra era,
Era de felicidade,
Era quimera… 

Era uma ilha
Que não estava no mar,
Onde o verbo amar
Predominava  no ar… 

Era uma ilha diferente
Uma ilha de gente,
Que se ajudava mutuamente… 

Viviam felizes,
Possuíam o maior bem
Que poderá existir em alguém.
Distribuíam amor,
Não havia dor,
Não existia poder
De um sobre outro ser,
Não havia disputa,
Não havia luta,
Não havia sofrer.
 
Não existia dinheiro,
Existia a permuta
Do amor por inteiro,
Onde todos se completavam
Porque se amavam…

Tudo surgia
Como por magia,
Com a força e calor
Do imenso amor,
Que cada um sentia… 

Era uma insula
Que não sei como era,
Uma insula na terra,
Uma inselberg,
Um monte ilha,
De remota era.
Uma era de felicidade
Repleta de amizade… 

Era uma ilha monte
Donde se avistava
Imenso horizonte…
Onde pastavam  rebanhos
E outros animais,
Muitos mais…

Os campos garridos
De flores coloridos,
Frutos aromáticos
Policromáticos,
Um ar puro e perfumado
Por todos exalado… 

Era uma ilha de outra era,
Com uma outra atmosfera…
 
Pairava no ar
Uma música de embalar,
Cromática, de tons e semitons.
Todos se amavam,
Todos eram bons… 

Era uma ilha de outra era,
De felicidade,
Não existia maldade.

Era utopia,
Era sonho,
Era quimera… 

Ah! Quem dera!...

           «»

                Zélia Chamusca

Da Obra - A MENSAGEM - Podemos Mudar o Mundo
Chiado Editora 

9 comentários:

A. João Soares disse...

Amiga Zélia,

Mais um belo poema que nos obriga a meditar na humanidade de hoje e recear muito daquilo que haverá amanhã.
O mundo está transformado numa aldeia em que tudo de se sabe e sobre tudo se morde com maledicência. Não há ilhas isoladas onde se pode beneficiar de uma felicidade que, por isso, é uma quimera, uma quimera que desejamos e com que sonhamos.

Muitas vezes me imagino na minha aldeia com os olhos na Serra da Estrela, uma ilha quimérica e, ainda recentemente, tive um devaneio que aqui registei no post Quem sou?
Agora tenho o prazer de deparar com a sua poesia que me levou à minha ilha quimérica de há mais de cinco anos!!! Há pontos comuns entre estas duas peças em estilo completamente diferente.

Beijos
João

Zélia Chamusca disse...

Parabéns Grande Escritor A João Soares pela interessante novela com que nos brindou.
Tal interesse é manifesto nos comentários que o confirmam.

Mesmo interessante!

Meus aplausos de pé!

Grata por seu comentário a meu poema.

Beijinho,
ZCH

A. João Soares disse...

Cara Amiga Zélia Chamusca,

Agradeço a sua visita a este post de há mais de 5 anos. Nunca me deixei dominar pela vaidade, e as suas palavras, muito amáveis, demonstram amizade que muito prezo.

Procuro a simplicidade com humildade sem arrogância nem prepotência. Isto conjuga-se com a forma como apreciei este seu post, apesar de ter pouca apetência para ser um admirador competente das obras poéticas.
A minha preferência pela simplicidade leva-me a compreender que haja quem diga que ando com os pés no ar, sem pisar o solo real. Mas tenho consciência de que tenho um apurado sentido das realidades e analiso-as com isenção sem estar condicionado por ostentação ou interesses materiais ou outros. Por isso não me surpreendo por muitas coisas de que as pessoas se espantam.

Beijos
João

Celle disse...


TÁ VENDO JOÃO, NÃO SÓ EU RECONHEÇO SEUS PREDICADOS! SUA INTELIGÊNCIA E PECULIAR MANEIRA DE SE EXPRESSAR LHE PERMITEM DIZER COISAS PROFUNDAS, FIGURATIVAMENTE, COM SIMPLICIDADE, CLAREZA E ELEGÂNCIA, AS VEZES, ROLA UMA IRONIAZINHA MAS, SEMPRE COM LEALDADE, COMPETÊNCIA E DIGNIDADE!
BJS
CELLE

A. João Soares disse...

Querida Amiga Celle,

Vem, estás perdoada do teu sacrilégio!!! Não sou o Deus que a Celle deseja venerar num altar dourado. Sou um pecador com muitos defeitos, que se orgulha de possuir uma ilha quimérica onde se pode refugiar das tentações mais vulgarizadas nos tempos que correm. E quando não consigo ir para a ilha visto uma carapaça, uma blindagem, para me isolar da ostentação e de outras tentações que não gosto de ver nos outros.

Mas procuro não perder o pé, quero ter à vista a realidade, quero ser optimista embora preocupado.

Enfim, procuro não me deixar afogar no pântano em que estou metido, o mundo real actual.

Não imagina quanto me é difícil o esforço hercúleo para procurar não desiludir amigas e amigos como a Celle e a Zélia Chamusca!!!

Beijos
João

Zélia Chamusca disse...

Caro Amigo, A.João Soares,

Li o comentário anterior respondendo à Celle.

E, eu respondo-lhe a si:
Não precisa esforçar-se para não nos desiludir porque a pessoa que eu já reparei que é pode estar à vontade porque A. João Gonçalves é um Senhor como, infelizmente já são muito raros.
Eu conheci imensos Grandes Senhores, numa Grande Empresa onde trabalhei. Eu era jóvem e eles foram morrendo...
Há poucos anos eu conversava com um colega meu dessa Empresa, Engenheiro filho de um Diretor que já morreu há anos. O pai, o Diretor era um Senhor; o filho já não tem nada a ver com o pai.
Mas, o que queria, aqui, referir é que quando eu disse onde estão estes senhores que... rsrsrs ? Ele respondeu: Oh! Zélia já não há senhores, os Senhores morreram!... É verdade.
Por isso é que digo que A. João Soares já é um dos poucos, raros senhores que aparecem.
Beijinho,
ZCH

A. João Soares disse...

Cara Amiga Zélia,

É triste que haja quem diga «já não há Senhores, os Senhores morreram». Ele confessa que não é Senhor, nem pretende sê-lo. É um vencido, um conformado, um cavaco, à espera que a vida o meta na fornalha.

Nenhuma criança nasce a caminhar e a falar mas, com persistência e tentativas, acaba por o conseguir. Querer é poder. Pena é que muita gente, se habitue, doentiamente, aos carinhos dos pais e não consiga transformar-se num adulto válido, independente, capaz de gerir a sua vida e contribuir para a vida da humanidade a que pertence. Nisso os animais - ditos selvagens e irracionais - dão-nos lições: as crias logo que têm capacidade de ir à caça e ao amor são empurradas pelas mães para longe para irem á sua vida. Connosco, que nos auto-intitulamos de racionais, as crianças estão a crescer de mãos atadas, por demasiados apoios que não as deixam aprender a resolver problemas«, a tomar decisões.

Mas, para o mundo evoluir, não é preciso que todos sejam génios, e estes hão-de aparecer em quantidade suficiente para fazer renascer o MUNDO. O progresso da ciência e as inovações nas novas tecnologias aplicadas à saúde e à vida mostram bem que temos pessoas muito válidas. Só que os mais válidos recusam meter-se no pântano putrefacto que se denomina «política». Mas há-de acontecer algo traumático que os levará a agir directamente para a gestão das sociedades. Noutro comentário feito há pouco referia-me a isto.

Beijos~
João

Celle disse...

João e Zélia
"A simplicidade só é possível aos que ousaram trilhar os caminhos da maturidade."
Pe.Flavio de Melo
bjs
celle

A. João Soares disse...

Cara Celle,

O verdadeiro segredo está no respeito pelas linhas brancas sobre o asfalto desses caminhos, isto é, dos valores éticos e deveres cívicos, em que é sempre garantida a interacção entre o eu e o outros. E com essas regras simples mas que hoje estão esquecidas, a idade vai correndo e acontece a maturidade, com o acumular de bom senso e de boas experiências.

Beijos
João