A criação em 2007 da empresa
Parque Escolar (PE), cuja missão seria modernizar a rede escolar pública, foi
um erro colossal de José Sócrates. E não se entende porque, ao fim de mais de
dois anos de governo, Passos Coelho ainda não extinguiu este organismo caro e
inútil.
A ideia era, à partida,
excelente: quem não quer melhorar as condições de ensino dos nossos filhos? Mas
cedo se transformou num pesadelo. Na reabilitação das escolas incluídas no
programa do PE, os investimentos foram inflacionados, privilegiou-se a
criatividade artística, o luxo asiático, em detrimento da funcionalidade. Na
maior parte das obras, nem sequer se consideraram espaços para gabinetes de
professores. As intervenções ficaram caríssimas.
Por outro lado, a eficiência
térmica dos edifícios raramente foi equacionada, nem tão-pouco foram previstos
os custos de manutenção e conservação. Há escolas que dispõem hoje dos mais
avançados sistemas de ar condicionado, mas não têm orçamento para o seu
funcionamento. Os candeeiros são de autor, mas a substituição das lâmpadas não
é possível, pois os custos são incomportáveis. Com
equipamentos desactivados por falta de verbas, os edifícios tornam-se
desconfortáveis e impróprios à prática do ensino.
Acresce que o modelo geral
de financiamento das obras foi em regime de parceria público-privada, ou seja,
ruinoso. A celebração de contratos com privados para a execução
dos projectos acarreta agora o pagamento de rendas incomportáveis. Os
construtores do regime, bafejados com estas intervenções da PE, estão no
paraíso, usufruindo, sem qualquer risco, de elevadas rentabilidades face ao
capital investido.
Afortunadas são também as
sociedades de advogados que a PE contrata, tantos são os litígios decorrentes
da sua incompetência. Só em 2013, em serviços jurídicos, já houve adjudicações
de quase um milhão de euros. Os escritórios dos ex-ministros Rui Pena, José
Luís Arnaut e Nobre Guedes são os principais contemplados. O inferno, esse,
está reservado a alunos e professores, ora instalados em obras megalómanas com
manutenção deficiente.
E árdua deve ser a vida
dos directores das escolas que têm de gerir verdadeiros palácios com
orçamentos próprios de barracas.
Paulo Morais, professor
universitário
NOTA:
A Escola do meu
parque residencial, com menos de 40 anos, que tinha todas as condições para o
1º ciclo a que se destina e só precisava de uns restauros, foi
completamente demolida e feita uma nova pelo Parque Escolar, que custou 6
milhões de euros... Edifício monstruoso, revestido a pedra rara, 2 pisos com
elevador que não funciona, aquecimento e climatização que não funciona, salas
enormérrimas em excesso para as necessidades da população, falta de pessoal e
de verbas, à imagem do que a Parque Esfolar tem feito um pouco por todo o
país... Fui lá votar e senti-me mal naquele espaço enorme. Como se sentirão as
crianças?
Fatucha
1 comentário:
A criança teve um sonho mas nasceu mal e a cegueira arruinou tudo.
Os erros sucederam-se e por mais evidentes que sejam não os querem ver nem terminar - jogatanas de amigos - taxos e compadrio à mistura e assim se vai o nosso dinheiro...
Ainda não entendi para que existe um Parque escolar, outro parpublica e tantos outros que não adiantam nem atrasam ...roubam o que por lá havia.
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