O que
está a acontecer no Chipre não é um evento de uma terra distante, um
local exótico. Está a decorrer na Europa, e não é uma Europa qualquer. Estamos
a assistir a convulsões que estão a ocorrer na Eurozona. O
Chipre é membro de pleno direito da União Europeia. A
terra sagrada que supostamente deveria garantir uma maior segurança económica,
social e financeira aos seus cidadãos. A população Cipriota, nativa ou não, foi
vítima de um assalto orquestrado. Uma operação congeminada à distância de um
abrigo secreto chamado Bruxelas. O rebentamento das guarnições bancárias não
foi perpetrado por uma célula terrorista, a partir de um enclave que se poderia
chamar Furtistão. O roubo foi aprovado por um conclave de políticos
desesperados. A campanha que se inicia no Chipre, demonstra que as marcas
existem para ser ultrapassadas, derrubadas por decreto bancário. A pergunta que
coloco é a seguinte; o que acontece quando a população nem sequer tem dinheiro
para levantar? A população levantar-se-á porque nada tem a perder. Esse é um
dado adquirido e parece-me que Portugal é um sério candidato a ser engolido por
um fenómeno
extremo. Uma corrida aos bancos é um fenómeno de extrema gravidade. Uma corrida aos bancos é
a modalidade financeira mais rápida quando a realidade começa a desmoronar. É uma
espécie de olimpismo da desgraça do crédito, descrédito. Se uma massa de gente
decide proteger o seu património, por mais parco que seja, haverá muito pouco
que os políticos poderão fazer para contrariar a fúria das massas. Não me
surpreende que tenham escolhido o Chipre para realizar a experiência. Trata-se
de uma ilha mal-amada, uma espécie de Alcatraz da economia e política da
Europa. Um dos espinhos cravados no alargamento Europeu, pela divisão do poder
com a Turquia - um prospectivo membro da União Europeia que também traz consigo
problemas de outra natureza política. Embora os Eurocratas possam pensar que
estão a salvo, protegidos pela distância líquida do Mediterrâneo, o contágio
ocorre sem necessitar de suporte ideológico. Estaremos na presença de processos
de retoma de equilíbrio, que obedecem a impulsos de natureza física-financeira.
Estamos a lidar com instintos de sobrevivência profundamente cravados no
espírito de aforristas. Entramos deste modo, em vésperas de feriado Cipriota,
numa nova fase de ousadia política. A insensatez, guiada por argumentos que
deixaram de o ser, para inaugurar sem pudor, a prática animalesca, regida pela
lei do mais forte. Mais forte, mas por pouco tempo mais; assim sendo, até
quando irá durar o euro? E a UE?...
por John Wolf, em 17.03.13