Conta a lenda que certa mulher pobre com uma criança no colo, passando diante de uma caverna escutou uma voz misteriosa que lá dentro lhe dizia:
«Entre e apanhe tudo o que você desejar, mas não se esqueça do principal. Lembre-se, porém, de uma coisa: depois que você sair… a porta se fechará para sempre.
Portanto, aproveite a oportunidade, mas não se esqueça do principal...»
A mulher entrou na caverna e encontrou muitas riquezas.
Fascinada pelo ouro e pelas jóias, pôs a criança no chão e começou a juntar, ansiosamente, colocava tudo o que podia no seu avental.
A voz misteriosa falou novamente: «Você só tem oito minutos.»
Esgotados os oito minutos, a mulher carregada de ouro e pedras preciosas, … correu para fora da caverna e a porta se fechou...
Lembrou-se, então, que a criança ficara lá e a porta estava fechada para sempre!!!
O mesmo nos acontece, as vezes… sempre
Temos uns oitenta anos para viver, neste mundo:
Não se esqueça do principal
E o principal são: a família, os amigos, a vida!!!
!!! Mas a ganância, a riqueza, os prazeres,
fascinam tanto que o principal vai ficando sempre de lado...
Assim, esgotamos o nosso tempo aqui, e deixamos de lado o essencial.
Que jamais nos esqueçamos que a vida, neste mundo, passa rápido e que o fim chega inesperadamente.
E quando a porta desta vida se fechar para nós, de nada valerá as lamentações.
Portanto, que jamais esqueçamos do principal!!!
Recebido por e-mail em formado power-point.pps, de autor desconhecido
29/06/2008
23/06/2008
Modernizar. Como? Para quê?
Depois de ter colocado um comentário no post «Estar-se-á realmente a criar riqueza?», achei que teria aqui colocar as linhas de raciocínio que segui e recordar um post já antigo aqui colocado sobre a «Utilidade das rotundas».
A vida não pára, as circunstâncias alteram-se e é preciso modernizar, acompanhar o progresso, não para tornar diferente, mas para tornar melhor, utilizando os desenvolvimentos tecnológicos em benefício da população.
Para modernizar sensatamente, é preciso começar por identificar com rigor e isenção a situação actual, o ponto de partida, passando pelas actividades da região (urbanas e rurais), a população (quantidade, grau de escolaridade, aptidões profissionais prevalecentes, gostos culturais, etc.), valor dos rendimentos, etc. E, depois, com um adequado grau de ambição realista e viável, estabelecer objectivos dentro de uma previsão de evolução bem planeada, seguido de decisão, e acção (coordenada e controlada), não perdendo de vista a finalidade, o objectivo pretendido.
É preciso exercer um esforço permanente para fugir à ostentação (não produtiva de bem-estar social), à imitação dos outros e à má competição pela vã visibilidade. Não se deve perder a noção das realidades vigentes e há que procurar, a cada momento, rentabilizá-las em benefício da população. Esta deve estar sempre presente no espírito de um líder político, por ser o alvo e a razão de ser de toda a acção política e por constituir o principal recurso, o capital mais precioso, a empregar nestas tarefas de modernização.
Isto são ideias que saltam ao correr da pena a estas horas matutinas. Mas que julgo merecerem ponderação.
A vida não pára, as circunstâncias alteram-se e é preciso modernizar, acompanhar o progresso, não para tornar diferente, mas para tornar melhor, utilizando os desenvolvimentos tecnológicos em benefício da população.
Para modernizar sensatamente, é preciso começar por identificar com rigor e isenção a situação actual, o ponto de partida, passando pelas actividades da região (urbanas e rurais), a população (quantidade, grau de escolaridade, aptidões profissionais prevalecentes, gostos culturais, etc.), valor dos rendimentos, etc. E, depois, com um adequado grau de ambição realista e viável, estabelecer objectivos dentro de uma previsão de evolução bem planeada, seguido de decisão, e acção (coordenada e controlada), não perdendo de vista a finalidade, o objectivo pretendido.
É preciso exercer um esforço permanente para fugir à ostentação (não produtiva de bem-estar social), à imitação dos outros e à má competição pela vã visibilidade. Não se deve perder a noção das realidades vigentes e há que procurar, a cada momento, rentabilizá-las em benefício da população. Esta deve estar sempre presente no espírito de um líder político, por ser o alvo e a razão de ser de toda a acção política e por constituir o principal recurso, o capital mais precioso, a empregar nestas tarefas de modernização.
Isto são ideias que saltam ao correr da pena a estas horas matutinas. Mas que julgo merecerem ponderação.
22/06/2008
Os sete sapatos sujos
Havendo aqui vários posts recentes com belos comentários que focam a esperança de uma nova era, de modernidade, é oportuno trazer aqui este pequeno texto de Mia Couto.
O escritor moçambicano Mia Couto, também licenciado em Medicina e Biologia, fez uma oração de sapiência, na abertura do ano lectivo do Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique, tendo sido publicados excertos desta oração no “Courrier Internacional.
Destacamos... “Os Sete Sapatos Sujos”:
Não podemos entrar na modernidade com o actual fardo de preconceitos.
À porta da modernidade precisamos de nos descalçar.
Eu contei “Sete Sapatos Sujos” que necessitamos de deixar na soleira da porta dos tempos novos.
Haverá muitos. Mas eu tinha que escolher e sete é um número mágico:
Primeiro Sapato: A ideia de que os culpados são sempre os outros.
Segundo Sapato: A ideia de que o sucesso não nasce do trabalho.
Terceiro Sapato: O preconceito de que quem critica é um inimigo.
Quarto Sapato: A ideia de que mudar as palavras muda a realidade.
Quinto Sapato: A vergonha de ser pobre e o culto das aparências.
Sexto Sapato: A passividade perante a injustiça .
Sétimo Sapato: A ideia de que, para sermos modernos, temos que imitar os outros.
O escritor moçambicano Mia Couto, também licenciado em Medicina e Biologia, fez uma oração de sapiência, na abertura do ano lectivo do Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique, tendo sido publicados excertos desta oração no “Courrier Internacional.
Destacamos... “Os Sete Sapatos Sujos”:
Não podemos entrar na modernidade com o actual fardo de preconceitos.
À porta da modernidade precisamos de nos descalçar.
Eu contei “Sete Sapatos Sujos” que necessitamos de deixar na soleira da porta dos tempos novos.
Haverá muitos. Mas eu tinha que escolher e sete é um número mágico:
Primeiro Sapato: A ideia de que os culpados são sempre os outros.
Segundo Sapato: A ideia de que o sucesso não nasce do trabalho.
Terceiro Sapato: O preconceito de que quem critica é um inimigo.
Quarto Sapato: A ideia de que mudar as palavras muda a realidade.
Quinto Sapato: A vergonha de ser pobre e o culto das aparências.
Sexto Sapato: A passividade perante a injustiça .
Sétimo Sapato: A ideia de que, para sermos modernos, temos que imitar os outros.
20/06/2008
Enigmas do homo sapiens sapiens
A crise está presente na vida dos portugueses mais desprotegidos. Está aí instalada. Nos transportes públicos e em todo o lugar onde se juntam pessoas, nas filas de espera, são ouvidas queixas das dificuldades da vida com os sucessivos aumentos dos preços de produtos essenciais. Os cafés, pequenos restaurantes, supermercados e lojas de pequenas dimensões lamentam-se da falta de clientes e da redução do valor das facturas. São abundantes as notícias sobre as dívidas e as dificuldades em as pagar. No entanto, há uns poucos que não se privam de nada e parece sentirem prazer em ostentar o seu poder financeiro para convencer que está muito acima da normalidade e são imunes à carestia da vida.
No artigo «Dicas para enfrentar a crise no seu bolso» (ler aqui) a jornalista Paula Cordeiro, apoiando-se no site Saldo Positivo, da Caixa Geral de Depósitos (CGD), indica quatro passos a seguir para contornar o aumento das despesas, como reduzir dívidas e aumentar poupança, a fim de evitar que o endividamento atinja proporções dramáticas.
Essas dicas estão descritas sob os seguintes títulos:
- Saiba quanto deve e que taxas de juro está a pagar
- Defina as suas prioridades na hora de pagar
- Analise se o crédito está a estragar-lhe a sua vida
- Algumas decisões mais difíceis para poupar
Mas o «homo sapiens sapiens» português, por não ter beneficiado de um ensino eficaz para gerir a sua vida privada, não consegue destrinçar o essencial do secundário, não sabe definir prioridades, nem planear o futuro emprego dos salários que recebe, acabando por enigmaticamente se afundar em situações de que lhe é difícil sair.
E os enigmas chegam a atingir efeitos de proporções chocantes como a descrita no artigo «Crise é um acessório que não se usa aqui» (Ver aqui), em que a jornalista Mariana Correia de Barros nos fala de uma loja de modas da Baixa de Lisboa, em que se chega à conclusão de que «o mercado do luxo, ao contrário de outros, está a viver dias de crescimento. Roupas e acessórios de luxo escapam à crise. Há até listas de espera».
A crise parece não afectar os bolsos de todos os portugueses, dizendo o administrador da loja que "o luxo começa quando a emoção ultrapassa a razão", perante a sua observação de que o luxo é sumptuosidade, extravagância e exclusividade, constituindo razões mais do que suficientes para comprar, para aqueles a quem a crise parece não ter batido à porta.
Diz o mesmo empresário que o mercado de luxo está florescente como é evidenciado pelo aparecimento de um crescente número de lojas de artigos de grandes marcas em Portugal.
Mas aquilo que se passa com o consumismo em que a emoção se sobrepõe à razão, atinge também as mentalidades dos governantes, como é o caso da notícia «Ministério da Defesa ganha Mercedes avaliados em 140 mil €» (ler aqui), em que, apesar de o ministro das Finanças ter congelado o plano de renovação da frota automóvel das Forças Armadas, de faltar dinheiro para a manutenção dos modernos helicópteros e das restrições de que se queixam os ex-combatentes, autorizou a compra de dois Mercedes para o ministro da Defesa e para o secretário de Estado da Defesa.
As novas viaturas, de marca Mercedes, custam quase 140 mil euros e vão substituir o Mercedes 220 de Severiano Teixeira e o BMW 520 e João Mira Gomes.
E não são apenas estas as despesas «urgentes» e sumptuosas de organismos do Governo.
O cérebro do homo sapiens sapiens apresenta aspectos muito enigmáticos. Mas, utilizando a frase do empresário atrás referido, o cérebro não funciona, pois são casos emotivos de sumptuosidade, extravagância, exclusividade, vaidade, arrogância, ostentação, assentes numa base de falta de respeito pelo dinheiro público. Veja-se no post «Crise não significa Apocalipse»….. os excessos de despesas de muitas Câmaras, a comprovar essa irresponsabilidade da gestão pública.
Apesar do esbanjamento ou talvez devido a ele, há casos como o referido hoje no Público no artigo «As carências Unidade Especial de Polícia sem dinheiro para comprar fardas» de José Bento Amaro.
No artigo «Dicas para enfrentar a crise no seu bolso» (ler aqui) a jornalista Paula Cordeiro, apoiando-se no site Saldo Positivo, da Caixa Geral de Depósitos (CGD), indica quatro passos a seguir para contornar o aumento das despesas, como reduzir dívidas e aumentar poupança, a fim de evitar que o endividamento atinja proporções dramáticas.
Essas dicas estão descritas sob os seguintes títulos:
- Saiba quanto deve e que taxas de juro está a pagar
- Defina as suas prioridades na hora de pagar
- Analise se o crédito está a estragar-lhe a sua vida
- Algumas decisões mais difíceis para poupar
Mas o «homo sapiens sapiens» português, por não ter beneficiado de um ensino eficaz para gerir a sua vida privada, não consegue destrinçar o essencial do secundário, não sabe definir prioridades, nem planear o futuro emprego dos salários que recebe, acabando por enigmaticamente se afundar em situações de que lhe é difícil sair.
E os enigmas chegam a atingir efeitos de proporções chocantes como a descrita no artigo «Crise é um acessório que não se usa aqui» (Ver aqui), em que a jornalista Mariana Correia de Barros nos fala de uma loja de modas da Baixa de Lisboa, em que se chega à conclusão de que «o mercado do luxo, ao contrário de outros, está a viver dias de crescimento. Roupas e acessórios de luxo escapam à crise. Há até listas de espera».
A crise parece não afectar os bolsos de todos os portugueses, dizendo o administrador da loja que "o luxo começa quando a emoção ultrapassa a razão", perante a sua observação de que o luxo é sumptuosidade, extravagância e exclusividade, constituindo razões mais do que suficientes para comprar, para aqueles a quem a crise parece não ter batido à porta.
Diz o mesmo empresário que o mercado de luxo está florescente como é evidenciado pelo aparecimento de um crescente número de lojas de artigos de grandes marcas em Portugal.
Mas aquilo que se passa com o consumismo em que a emoção se sobrepõe à razão, atinge também as mentalidades dos governantes, como é o caso da notícia «Ministério da Defesa ganha Mercedes avaliados em 140 mil €» (ler aqui), em que, apesar de o ministro das Finanças ter congelado o plano de renovação da frota automóvel das Forças Armadas, de faltar dinheiro para a manutenção dos modernos helicópteros e das restrições de que se queixam os ex-combatentes, autorizou a compra de dois Mercedes para o ministro da Defesa e para o secretário de Estado da Defesa.
As novas viaturas, de marca Mercedes, custam quase 140 mil euros e vão substituir o Mercedes 220 de Severiano Teixeira e o BMW 520 e João Mira Gomes.
E não são apenas estas as despesas «urgentes» e sumptuosas de organismos do Governo.
O cérebro do homo sapiens sapiens apresenta aspectos muito enigmáticos. Mas, utilizando a frase do empresário atrás referido, o cérebro não funciona, pois são casos emotivos de sumptuosidade, extravagância, exclusividade, vaidade, arrogância, ostentação, assentes numa base de falta de respeito pelo dinheiro público. Veja-se no post «Crise não significa Apocalipse»….. os excessos de despesas de muitas Câmaras, a comprovar essa irresponsabilidade da gestão pública.
Apesar do esbanjamento ou talvez devido a ele, há casos como o referido hoje no Público no artigo «As carências Unidade Especial de Polícia sem dinheiro para comprar fardas» de José Bento Amaro.
18/06/2008
Ensino. Quais os objectivos?
Há pouco mais de 30 anos foram encerradas as escolas técnicas, comerciais e industriais de onde saíam óptimos profissionais, com capacidade para iniciarem uma vida produtiva em que eram eficientes e de onde obtinham sucesso em todos os aspectos. Se o objectivo era fazer chegar todos os cidadãos às universidades, era um engano, porque delas também era possível tal acesso, conheço professores universitários que vieram daí.
Agora, reconheceu-se que a falta de tal tipo de ensino tem sido prejudicial ao país e está a iniciar-se o funcionamento de cursos especiais de formação, cujos programas foram elaborados sem o mínimo de sentido prático e utilitário e merecem críticas. Transcreve-se uma carta de uma professora ao 'Expresso' sobre o ensino de português nestes cursos.
SER PROFESSORA
Este ano lectivo, a minha escola abriu dois cursos de educação e formação: Electricista de Instalações e Assistente Administrativo. Sou professora de Língua Portuguesa e, normalmente, é possível aos docentes que pertencem ao quadro escolher os níveis que querem leccionar. Mesmo não tendo sido opção minha leccionar em turmas destes cursos, fui presenteada com quinze seres, projectos de electricistas de instalações, com idades compreendidas entre os 16 e os 18 anos. ( ... )
Fotocopiei o programa curricular dos módulos correspondentes ao 1º dos dois anos do curso. Fiquei logo céptica quando vi que, para futuros electricistas, os programas previam a leitura orientada de obras literárias como 'Falar Verdade a Mentir', de Almeida Garrett e 'A Saga' de Sophia de Mello Breyner Andresen.
É certo que a cultura nunca ocupa lugar e também é certo que fica sempre bem a um electricista saber as características do teatro do séc. XIX ( ... ), assim como a interessante história do mentiroso Duarte do 'Falar Verdade a Mentir', não vá de repente ser preciso que o electricista, no exercício da sua profissão, precise mesmo de falar verdade, embora estando a mentir ...
Também pode, a qualquer momento, ser necessário que o futuro electricista precise de dividir orações ( ... ).
Por favor, cérebros iluminados e destacados para conceberem os programas curriculares deste tipo de cursos, não sejam líricos!!! ( ... ) Venham até Condeixa-a-Nova ( ... ) e assistam à minha aula de Língua Portuguesa. Vão gostar de ver os 15 fabulosos projectos de electricistas a pedirem que não lhes ensine tais matérias pois não lhes servirão para exercer melhor a profissão e porque lhes tinham dito que, nestes cursos, 'as coisas' iam ser diferentes, sem matéria 'chata', só com assuntos ( ... ) relacionados com a vida mais prática (…)
E assim vamos andando, rindo até com certas tiradas dos formandos, com as suas análises de texto boçais e bestiais, vazias de encanto poético mas cheias de conteúdo telúrico, para ser eufemística... Se não, vejam a veia poética de um formando, que, após a leitura da frase '... e Hans foi pai de cinco filhos', do conto 'A Saga' de Sophia de Mello Breyner, o único comentário de análise textual que conseguiu fazer foi:
- É cum caraças, o homem fartou-se de martelar!!!' ....
Anabela Rosa Louro Gomes Estêvão, Coimbra
Agora, reconheceu-se que a falta de tal tipo de ensino tem sido prejudicial ao país e está a iniciar-se o funcionamento de cursos especiais de formação, cujos programas foram elaborados sem o mínimo de sentido prático e utilitário e merecem críticas. Transcreve-se uma carta de uma professora ao 'Expresso' sobre o ensino de português nestes cursos.
SER PROFESSORA
Este ano lectivo, a minha escola abriu dois cursos de educação e formação: Electricista de Instalações e Assistente Administrativo. Sou professora de Língua Portuguesa e, normalmente, é possível aos docentes que pertencem ao quadro escolher os níveis que querem leccionar. Mesmo não tendo sido opção minha leccionar em turmas destes cursos, fui presenteada com quinze seres, projectos de electricistas de instalações, com idades compreendidas entre os 16 e os 18 anos. ( ... )
Fotocopiei o programa curricular dos módulos correspondentes ao 1º dos dois anos do curso. Fiquei logo céptica quando vi que, para futuros electricistas, os programas previam a leitura orientada de obras literárias como 'Falar Verdade a Mentir', de Almeida Garrett e 'A Saga' de Sophia de Mello Breyner Andresen.
É certo que a cultura nunca ocupa lugar e também é certo que fica sempre bem a um electricista saber as características do teatro do séc. XIX ( ... ), assim como a interessante história do mentiroso Duarte do 'Falar Verdade a Mentir', não vá de repente ser preciso que o electricista, no exercício da sua profissão, precise mesmo de falar verdade, embora estando a mentir ...
Também pode, a qualquer momento, ser necessário que o futuro electricista precise de dividir orações ( ... ).
Por favor, cérebros iluminados e destacados para conceberem os programas curriculares deste tipo de cursos, não sejam líricos!!! ( ... ) Venham até Condeixa-a-Nova ( ... ) e assistam à minha aula de Língua Portuguesa. Vão gostar de ver os 15 fabulosos projectos de electricistas a pedirem que não lhes ensine tais matérias pois não lhes servirão para exercer melhor a profissão e porque lhes tinham dito que, nestes cursos, 'as coisas' iam ser diferentes, sem matéria 'chata', só com assuntos ( ... ) relacionados com a vida mais prática (…)
E assim vamos andando, rindo até com certas tiradas dos formandos, com as suas análises de texto boçais e bestiais, vazias de encanto poético mas cheias de conteúdo telúrico, para ser eufemística... Se não, vejam a veia poética de um formando, que, após a leitura da frase '... e Hans foi pai de cinco filhos', do conto 'A Saga' de Sophia de Mello Breyner, o único comentário de análise textual que conseguiu fazer foi:
- É cum caraças, o homem fartou-se de martelar!!!' ....
Anabela Rosa Louro Gomes Estêvão, Coimbra
16/06/2008
O Velho do Restelo disse
Depois do soneto de Camões publicado em post anterior, trago aqui o início do discurso do Velho do Restelo com que termina o canto quarto de Os Lusíadas, por nele encontrar motivos de meditação para compreender muito do que hoje ocorre em nosso redor. Quem tiver curiosidade, poderá consultar o poema épico e ler as restantes sete estrofes do Velho, que não trago aqui para não sobrecarregar com referências mitológicas e históricas, ficando por estas três que já dão estímulo para interessantes reflexões.
Estrofe 95
- «Ó glória de mandar! Ó vã cobiça
Desta vaidade a quem chamamos fama!
Ó fraudulento gosto que se atiça
Cua aura popular que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!
Estrofe 96
«Dura inquietação d’alma e da vida,
Fonte de desamparos e adultérios,
Sagaz consumidora conhecida
De fazendas, de reinos e de impérios!
Chamam-te ilustre, chamam-te subida,
Sendo digna de infames vitupérios;
Chamam-te Fama e Glória soberana,
Nomes com quem se o povo néscio engana!
Estrofe 97
«A que novos desastres determinas
De levar estes Reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas
Debaixo dalgum nome preminente?
Que promessas de reinos e de minas
De ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás? Que histórias?
Que triunfos? Que palmas? Que vitórias?
Estrofe 95
- «Ó glória de mandar! Ó vã cobiça
Desta vaidade a quem chamamos fama!
Ó fraudulento gosto que se atiça
Cua aura popular que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!
Estrofe 96
«Dura inquietação d’alma e da vida,
Fonte de desamparos e adultérios,
Sagaz consumidora conhecida
De fazendas, de reinos e de impérios!
Chamam-te ilustre, chamam-te subida,
Sendo digna de infames vitupérios;
Chamam-te Fama e Glória soberana,
Nomes com quem se o povo néscio engana!
Estrofe 97
«A que novos desastres determinas
De levar estes Reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas
Debaixo dalgum nome preminente?
Que promessas de reinos e de minas
De ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás? Que histórias?
Que triunfos? Que palmas? Que vitórias?
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Do poeta insigne, e também sábio e filósofo Luís Vaz de Camões, um soneto que ajuda a compreender as realidades nacionais actuais. Outro português mais recente, defendendo que as mudanças devem ser feitas com sensatez para delas resultarem bons efeitos, disse que «mudar por mudar é disfarçar o vazio íntimo»
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Luís de Camões
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Luís de Camões
Portugal, diz Presente!!!
Publico aqui um poema de J M Viçoso Caetano, poeta de Fornos de Algodres, ex-oficial miliciano que já no ano passado, por esta data, nos presenteou com o poema «Ao Combatente do Ultramar Português», de homenagem aos ex-combatentes. Em nome dos leitores deste espaço, os meus agradecimentos a este patriota que viveu e vive numa auréola de acrisolado Amor a Portugal.
10 DE JUNHO
Dez de Junho é dia de Portugal.
É dia de Camões, Heróis e Santos
E de Bravos, Audazes e Valentes
- Negros, mestiços ou brancos –
É dia de Orgulho Nacional.
É pois o dia dos Combatentes,
Que na mata ou na picada escaldante,
Cumprindo o seu dever exemplarmente,
Igualaram a epopeia do Infante
Com desvelado amor à Pátria Mãe,
Por quem deram a juventude e o sangue quente
Quando não, em holocausto, a própria vida.
E por isso esta homenagem tão sentida
Que por vossa Honra e Glória aqui nos tem
- Num misto de respeito e emoção –
Pelo exemplo que vós sois em carne viva
Da Raça que fez grande esta Nação.
Se a memória do passado o consente,
Levanta-te Portugal e diz
PRESENTE !!
J. M. Viçoso Caetano
Poeta de Fornos de Algodres
Ex-Oficial Miliciano
Já foi publicado Do Miradouro
10 DE JUNHO
Dez de Junho é dia de Portugal.
É dia de Camões, Heróis e Santos
E de Bravos, Audazes e Valentes
- Negros, mestiços ou brancos –
É dia de Orgulho Nacional.
É pois o dia dos Combatentes,
Que na mata ou na picada escaldante,
Cumprindo o seu dever exemplarmente,
Igualaram a epopeia do Infante
Com desvelado amor à Pátria Mãe,
Por quem deram a juventude e o sangue quente
Quando não, em holocausto, a própria vida.
E por isso esta homenagem tão sentida
Que por vossa Honra e Glória aqui nos tem
- Num misto de respeito e emoção –
Pelo exemplo que vós sois em carne viva
Da Raça que fez grande esta Nação.
Se a memória do passado o consente,
Levanta-te Portugal e diz
PRESENTE !!
J. M. Viçoso Caetano
Poeta de Fornos de Algodres
Ex-Oficial Miliciano
Já foi publicado Do Miradouro
15/06/2008
Como vai a Justiça e a ordem pública?
Apanhado a guiar sem carta pela oitava vez
JN. 080615, Pedro Fontes da Costa
Um indivíduo, de 40 anos, residente na Palhaça, Oliveira do Bairro, foi ontem condenado a 12 meses de prisão efectiva por ter sido apanhado a conduzir pela oitava vez sem carta de condução.
Aquele indivíduo, desempregado, que, ontem, foi julgado em dois processos diferentes, mas relativos ao mesmo crime, ainda tem pendente a leitura de um processo e o julgamento de outro, relativos à prática do mesmo crime. Bem conhecido da GNR e do Ministério Público (MP) do Tribunal de Oliveira do Bairro, já foi condenado a penas de multa, prisão suspensa e efectivas, uso de pulseira electrónica mas, de acordo com a procuradora adjunta do MP, as medidas aplicadas não foram suficientes para acabar com a prática reiterada do crime de condução sem habilitação legal. "Arranja desculpas esfarrapadas, revelando um total desrespeito pela vida dos demais cidadãos, escudando-se sistematicamente na sua família para praticar o crime. Devia pensar no mau exemplo que está a dar aos seus filhos", afirmou a procuradora. Por sua vez, a juíza revelou que ele, além das oito vezes que foi detido a conduzir sem carta, foi condenado três vezes por furto e outra por desobediência, pelo que, referiu, "atendendo à personalidade do arguido, a pena de prisão de 12 meses não se suspende. Espero que se consciencialize de que não há impunidade", disse. O arguido confessou os crimes. Disse ser melhor condutor do que muitos encartados e que se sente perseguido pela GNR. "Conduzo sem carta por necessidade. Não é para ir à discoteca, mas para levar os meus filhos, quatro menores, ao hospital ou ir à farmácia", sublinhou.
NOTA: Justiça dissuasora? Justiça educadora? Justiça para a segurança dos cidadãos cumpridores? Ou justiça punitiva? O que se passa no País e como interpretar o sistema? Porquê não impedir tanta repetição da infracção?
O próprio título da notícia é preocupante, pois coloca a tónica em ter sido APANHADO e não em ter conduzido sem carta. O crime é deixar-se apanhar?
Afinal, a carta de condução é mesmo imprescindível? Segundo o gosto que o MAI tem mostrado pelas estatísticas, este caso demonstra, estatisticamente, que o que é perigoso é ter carta de condução, pois este homem não teve acidente e considera-se bom condutor, e a (talvez?) totalidade dos acidentados possui carta!!!
JN. 080615, Pedro Fontes da Costa
Um indivíduo, de 40 anos, residente na Palhaça, Oliveira do Bairro, foi ontem condenado a 12 meses de prisão efectiva por ter sido apanhado a conduzir pela oitava vez sem carta de condução.
Aquele indivíduo, desempregado, que, ontem, foi julgado em dois processos diferentes, mas relativos ao mesmo crime, ainda tem pendente a leitura de um processo e o julgamento de outro, relativos à prática do mesmo crime. Bem conhecido da GNR e do Ministério Público (MP) do Tribunal de Oliveira do Bairro, já foi condenado a penas de multa, prisão suspensa e efectivas, uso de pulseira electrónica mas, de acordo com a procuradora adjunta do MP, as medidas aplicadas não foram suficientes para acabar com a prática reiterada do crime de condução sem habilitação legal. "Arranja desculpas esfarrapadas, revelando um total desrespeito pela vida dos demais cidadãos, escudando-se sistematicamente na sua família para praticar o crime. Devia pensar no mau exemplo que está a dar aos seus filhos", afirmou a procuradora. Por sua vez, a juíza revelou que ele, além das oito vezes que foi detido a conduzir sem carta, foi condenado três vezes por furto e outra por desobediência, pelo que, referiu, "atendendo à personalidade do arguido, a pena de prisão de 12 meses não se suspende. Espero que se consciencialize de que não há impunidade", disse. O arguido confessou os crimes. Disse ser melhor condutor do que muitos encartados e que se sente perseguido pela GNR. "Conduzo sem carta por necessidade. Não é para ir à discoteca, mas para levar os meus filhos, quatro menores, ao hospital ou ir à farmácia", sublinhou.
NOTA: Justiça dissuasora? Justiça educadora? Justiça para a segurança dos cidadãos cumpridores? Ou justiça punitiva? O que se passa no País e como interpretar o sistema? Porquê não impedir tanta repetição da infracção?
O próprio título da notícia é preocupante, pois coloca a tónica em ter sido APANHADO e não em ter conduzido sem carta. O crime é deixar-se apanhar?
Afinal, a carta de condução é mesmo imprescindível? Segundo o gosto que o MAI tem mostrado pelas estatísticas, este caso demonstra, estatisticamente, que o que é perigoso é ter carta de condução, pois este homem não teve acidente e considera-se bom condutor, e a (talvez?) totalidade dos acidentados possui carta!!!
12/06/2008
Idosos descartáveis?
Transcrição do post com igual título do blog Arsénio Mota:
Publicada por Arsénio Mota
São os velhos. Os velhos que poucos gostam de ver e de aturar – e ainda menos de querer. Estorvam a vida de quem tem pressa. Dão imensas ralações a meter no hospital ou num canto onde alguém os guarde mas que nem assim deixam de dar chatices aos seus descendentes, tão atingidos já pela decadência final dos progenitores.
E os velhos multiplicam-se por aí fora quando as escolas primárias fecham e se reconvertem em alojamentos para a terceira idade. A população portuguesa está a envelhecer, é a «revolução grisalha» que também avança por muita Europa. Mas a multiplicação dos seniores portugueses, aparentemente, não reclama nem favorece uma reconsideração social, de resto indispensável, a todos os níveis do problema.
Os costumes não ajudam, longe como estamos da veneração que envolvia outrora os velhos de respeito. Na verdade, a estrutura familiar tradicional enfraqueceu-se e entrou em depressão. Mitos como os da «juventude» e do «consumismo» contribuem para colocar os velhos na condição de supra-numerários no mundo vivo e já sem prazo de validade. Serão por isso descartáveis?
Privados de associação, sindicato ou deputado eleito, os seniores resignam-se. Vão para onde os mandam e comem a sopa que lhes servem. Os «lares» (eufemismo vulgar) não chegam para atender à procura, sempre uma lista de espera está à espera de quem chama à porta.
É conhecida esta situação, tal como alguns casos isolados, mais ou menos escandalosos, de maus tratos, que por vezes afloram na comunicação social. Mas isso, a bem dizer, é nada em comparação com o que ouvi, de fonte segura, sobre desmandos e abusos diversos gravíssimos praticados em instituições privadas de solidariedade social (IPSS). A fiscalização da Segurança Social, que subsidia os «lares» e à qual compete averiguar as denúncias, registou-os e ordenou encerramentos (e onde vão depois os familiares meter os seus velhos?!)
Prender um mísero deficiente a um poste, ou manter vários idosos num quarto abjecto, coberto de porcarias, maltratá-los ou descuidá-los, pouco pode estarrecer. Porém, estes casos estão longe de ser esporádicos. E não têm comparação com outros, altamente chocantes. Um exemplo: certo utente entregava a sua pensão, a família ajudava, a Segurança Social subsidiava e, tudo somado, o «lar» recebia uns 2.500 euros! Outros exemplos, menos escandalosos, ainda assim, supreendem.
São frequentes as exigências de elevadas quantias para «furar» a lista de espera e receber um novo utente. É dinheiro que entra nas algibeiras da corrupção, garantem-me. Ocorre igualmente a exigência da entrega, por doação, de casa ou outro bem imóvel pelo idoso para que seja recebido. Casos destes alimentam negociatas e esquemas que envolvem directores, comissões fabriqueiras, etc., entre abastanças particulares sumptuosas que contrastam com a penúria dos «lares» que os mesmos dirigem.
Ora as IPSS, declaradas como entidades não lucrativas, por sinal ligadas na maioria a misericórdias e à Igreja, pedem ao Governo melhores apoios. Reclamam do Estado mais e mais «previdência» mas defendem as privatizações com unhas e dentes. E, nas eleições, guiam os velhos a votar no partido que eles sabem…
E os velhos multiplicam-se por aí fora quando as escolas primárias fecham e se reconvertem em alojamentos para a terceira idade. A população portuguesa está a envelhecer, é a «revolução grisalha» que também avança por muita Europa. Mas a multiplicação dos seniores portugueses, aparentemente, não reclama nem favorece uma reconsideração social, de resto indispensável, a todos os níveis do problema.
Os costumes não ajudam, longe como estamos da veneração que envolvia outrora os velhos de respeito. Na verdade, a estrutura familiar tradicional enfraqueceu-se e entrou em depressão. Mitos como os da «juventude» e do «consumismo» contribuem para colocar os velhos na condição de supra-numerários no mundo vivo e já sem prazo de validade. Serão por isso descartáveis?
Privados de associação, sindicato ou deputado eleito, os seniores resignam-se. Vão para onde os mandam e comem a sopa que lhes servem. Os «lares» (eufemismo vulgar) não chegam para atender à procura, sempre uma lista de espera está à espera de quem chama à porta.
É conhecida esta situação, tal como alguns casos isolados, mais ou menos escandalosos, de maus tratos, que por vezes afloram na comunicação social. Mas isso, a bem dizer, é nada em comparação com o que ouvi, de fonte segura, sobre desmandos e abusos diversos gravíssimos praticados em instituições privadas de solidariedade social (IPSS). A fiscalização da Segurança Social, que subsidia os «lares» e à qual compete averiguar as denúncias, registou-os e ordenou encerramentos (e onde vão depois os familiares meter os seus velhos?!)
Prender um mísero deficiente a um poste, ou manter vários idosos num quarto abjecto, coberto de porcarias, maltratá-los ou descuidá-los, pouco pode estarrecer. Porém, estes casos estão longe de ser esporádicos. E não têm comparação com outros, altamente chocantes. Um exemplo: certo utente entregava a sua pensão, a família ajudava, a Segurança Social subsidiava e, tudo somado, o «lar» recebia uns 2.500 euros! Outros exemplos, menos escandalosos, ainda assim, supreendem.
São frequentes as exigências de elevadas quantias para «furar» a lista de espera e receber um novo utente. É dinheiro que entra nas algibeiras da corrupção, garantem-me. Ocorre igualmente a exigência da entrega, por doação, de casa ou outro bem imóvel pelo idoso para que seja recebido. Casos destes alimentam negociatas e esquemas que envolvem directores, comissões fabriqueiras, etc., entre abastanças particulares sumptuosas que contrastam com a penúria dos «lares» que os mesmos dirigem.
Ora as IPSS, declaradas como entidades não lucrativas, por sinal ligadas na maioria a misericórdias e à Igreja, pedem ao Governo melhores apoios. Reclamam do Estado mais e mais «previdência» mas defendem as privatizações com unhas e dentes. E, nas eleições, guiam os velhos a votar no partido que eles sabem…
Recordação de crise antiga
Transcrição de texto de Manuela recebido por e-mail, que também a mim fez recordar o racionamento do tempo da II Guerra Mundial e dos carros a gasogénio (vantagens de ser velho!)
Regresso ao passado
Hoje, tive a noção exacta do que sentiram as gerações que passaram por um racionamento em produtos de "primeiríssima" necessidade…
Lembro-me das histórias que me contavam sempre que não queria comer. Eram contadas com alguma mágoa, (para me fazerem comer), mas também com um misto de saudosismo pela solidariedade demonstrada pela vizinhança ou amigos, e nas quais entrava quase sempre uma personagem: "um rebuçado".
O "sr." rebuçado fez as minhas delícias de infância. Imaginar o meu avô com os bolsos cheios de rebuçados (1 tostão dava para vinte), no dia em ia à taberna jogar uma cartada e voltava a cavalo numa mula, fazia-me sorrir. Até mesmo rir, como no dia em que a mula se lembrou de dar pinotes e ele caiu, passando uma hora, às escuras, a "apalpar" rebuçados no carreiro de terra.
Mas… a verdade é que, naquelas histórias, o desejado "rebuçado" nunca foi comido ou "chupado", dissolvido na boca lentamente e com prazer. Antes pelo contrário, era logo"derretido", como por magia, assim que caía numa caneca de café de cevada.
Foi assim que eu descobri as virtudes ou as desvantagens do adoçante. Se o temos, abusamos dele ou, até, substituímo-lo por uma "migalha" adocicada, que me amargou na boca quando, glutona curiosa, lhe quis sentir o sabor. Se não existe, lá diz o ditado, " a necessidade é mestra", e usa-se o que se pode para, neste caso concreto, enganar a boca, ou mesmo o café.
Foi com estes pensamentos que cheguei a casa, carregada de farinha e, claro, de açúcar (não vá o diabo tecê-las), mas sem a carne e/ou o peixe nem, tão pouco, uma erva verdinha, até podia ser verde-seco, para acompanhar.
As prateleiras destas secções estavam completamente vazias. Vazias, como reza o meu dicionário, ainda sem acordo ortográfico. Não me lembro de alguma vez ter visto a imagem desoladora de um armazém despido da sua função! Mas não de área de consumo. Os "zombies", assim me pareceram as pessoas, puxando um cestinho vazio com rodas, passeavam-se com ar desolado ..(ou assustado?) pelos corredores e chegavam à menina da caixa com enlatados, arroz, massa e ovos, muitos ovos, não vão as galinhas entrar também em reivindicações.
Provavelmente não entram elas, mas os seus criadores, com a falta que sentem de rações para as alimentar, ou ainda, os galos, que a continuarem sem comer, entram em greve reprodutiva e o ciclo termina….
Assim como terminou o meu dia, com farinha, açúcar e o carro parado à porta, na reserva. As estações de serviço esgotaram às 2 da tarde.
Será desta que começo a andar de bicicleta para ir trabalhar? Não me estou a ver sobre um skate, nem sobre patins como as meninas dos hipermercados.
Consciente estou, que é mesmo necessário abandonar o vício da dependência. Já a psicologia o diz e a história recente o corrobora. Alterar modos de vida e comportamentos, será a solução.
Hoje, apeteceu-me voltar aos tempos do meu avô, retomar uma agricultura também ela sem dependência, a não ser a da Natureza, saudável e sempre pronta a devolver a atenção que se lhe dá. Recordei as minhas férias de menina, junto à ribeira a dar pedacinhos de pão aos patos, que às vezes iam parar dentro de uma caçarola de barro, para meu grande desgosto. Das couves que ajudava a cortar na horta para dar aos coelhos e que me entretinha a ver roer; do leite quente fervido, acabado de ser ordenhado e que me faziam beber, mas que eu detestava porque não estava dentro de um pacote!
Por alguma razão fiz hoje este "Regresso ao Passado 2" e não pode ter sido apenas por causa das prateleiras vazias de um supermercado e de uns quantos "zombies" caras pálidas, ou ainda, da hipótese de me ver sobre um skate para ir trabalhar.
Não, penso que a razão principal é ter tido maior consciência dos erros em que temos todos vivido….
Manuela
Regresso ao passado
Hoje, tive a noção exacta do que sentiram as gerações que passaram por um racionamento em produtos de "primeiríssima" necessidade…
Lembro-me das histórias que me contavam sempre que não queria comer. Eram contadas com alguma mágoa, (para me fazerem comer), mas também com um misto de saudosismo pela solidariedade demonstrada pela vizinhança ou amigos, e nas quais entrava quase sempre uma personagem: "um rebuçado".
O "sr." rebuçado fez as minhas delícias de infância. Imaginar o meu avô com os bolsos cheios de rebuçados (1 tostão dava para vinte), no dia em ia à taberna jogar uma cartada e voltava a cavalo numa mula, fazia-me sorrir. Até mesmo rir, como no dia em que a mula se lembrou de dar pinotes e ele caiu, passando uma hora, às escuras, a "apalpar" rebuçados no carreiro de terra.
Mas… a verdade é que, naquelas histórias, o desejado "rebuçado" nunca foi comido ou "chupado", dissolvido na boca lentamente e com prazer. Antes pelo contrário, era logo"derretido", como por magia, assim que caía numa caneca de café de cevada.
Foi assim que eu descobri as virtudes ou as desvantagens do adoçante. Se o temos, abusamos dele ou, até, substituímo-lo por uma "migalha" adocicada, que me amargou na boca quando, glutona curiosa, lhe quis sentir o sabor. Se não existe, lá diz o ditado, " a necessidade é mestra", e usa-se o que se pode para, neste caso concreto, enganar a boca, ou mesmo o café.
Foi com estes pensamentos que cheguei a casa, carregada de farinha e, claro, de açúcar (não vá o diabo tecê-las), mas sem a carne e/ou o peixe nem, tão pouco, uma erva verdinha, até podia ser verde-seco, para acompanhar.
As prateleiras destas secções estavam completamente vazias. Vazias, como reza o meu dicionário, ainda sem acordo ortográfico. Não me lembro de alguma vez ter visto a imagem desoladora de um armazém despido da sua função! Mas não de área de consumo. Os "zombies", assim me pareceram as pessoas, puxando um cestinho vazio com rodas, passeavam-se com ar desolado ..(ou assustado?) pelos corredores e chegavam à menina da caixa com enlatados, arroz, massa e ovos, muitos ovos, não vão as galinhas entrar também em reivindicações.
Provavelmente não entram elas, mas os seus criadores, com a falta que sentem de rações para as alimentar, ou ainda, os galos, que a continuarem sem comer, entram em greve reprodutiva e o ciclo termina….
Assim como terminou o meu dia, com farinha, açúcar e o carro parado à porta, na reserva. As estações de serviço esgotaram às 2 da tarde.
Será desta que começo a andar de bicicleta para ir trabalhar? Não me estou a ver sobre um skate, nem sobre patins como as meninas dos hipermercados.
Consciente estou, que é mesmo necessário abandonar o vício da dependência. Já a psicologia o diz e a história recente o corrobora. Alterar modos de vida e comportamentos, será a solução.
Hoje, apeteceu-me voltar aos tempos do meu avô, retomar uma agricultura também ela sem dependência, a não ser a da Natureza, saudável e sempre pronta a devolver a atenção que se lhe dá. Recordei as minhas férias de menina, junto à ribeira a dar pedacinhos de pão aos patos, que às vezes iam parar dentro de uma caçarola de barro, para meu grande desgosto. Das couves que ajudava a cortar na horta para dar aos coelhos e que me entretinha a ver roer; do leite quente fervido, acabado de ser ordenhado e que me faziam beber, mas que eu detestava porque não estava dentro de um pacote!
Por alguma razão fiz hoje este "Regresso ao Passado 2" e não pode ter sido apenas por causa das prateleiras vazias de um supermercado e de uns quantos "zombies" caras pálidas, ou ainda, da hipótese de me ver sobre um skate para ir trabalhar.
Não, penso que a razão principal é ter tido maior consciência dos erros em que temos todos vivido….
Manuela
11/06/2008
Frases idiomáticas e a língua portuguesa
Transcreve-se carta de António Brotas publicada no Expresso de 080607
A evolução da língua ou, a "ota" de Vasco da Graça Moura
A língua portuguesa evolui de um modo diferente nos vários países em que é falada.
E às vezes muito rapidamente.
É assim duvidoso que os brasileiros recém chegados a Portugal tenham podido compreender o título "Uma ota ortográfica", do artigo publicado em 28 de Maio no "Público", por Vasco da Graça Moura. É possível que, daqui a dez anos, os dicionários dêem à palavra "ota" o significado com que VGM desde já a usa. Se tal suceder, como co-autor do livro "O Erro da Ota", ficarei muito honrado por ter contribuído para o enriquecimento da língua portuguesa (em Portugal). É, no entanto, provável que a palavra só tenha uso na linguagem corrente com o significado de "elefante branco", tal como "Convento de Mafra", "estádios de futebol", ou mesmo "Porto de Sines" (neste último caso injustamente porque o Porto de Sines ainda pode ser um dos factores importantes do nosso desenvolvimento). Tudo expressões que os falantes dos outros países não compreendem.
Nem sei se os angolanos, por exemplo, dizem "elefante branco".
Possivelmente, um dia dirão: "pakassa negra", ou algo no género, escrevendo com K. Nada disto é importante, nem pode ser significativamente alterado, nem para melhor, nem para pior, pelo anunciado acordo ortográfico.
O que pode ser grave e prejudicar a língua são algumas medidas recentes tomadas por entidades que a deviam defender. Todos sabemos que as crianças têm uma grande capacidade para aprenderem línguas e as esquecerem logo a seguir. Algumas são capazes de aprender inglês com os bonecos animados. Nas nossas escolas o inglês, que tem uma gramática rudimentar, passou a ser ensinado antes dos alunos dominarem minimamente a gramática portuguesa bastante mais complexa. Como ninguém espera que eles vão para o recreio conversar em inglês com o inglês que lhes ensinam nas aulas, o resultado pode ser, unicamente, o de muitos deles nunca mais aprenderem os verbos portugueses.
O Ministério da Educação devia mandar fazer uma muito séria avaliação dos efeitos deste ensino.
Registe-se, que num curso de português para estrangeiros na Faculdade de Letras de Lisboa, foi suprimida nos verbos a segunda pessoa do plural. Se os diplomados por este curso forem à aldeia da Beira onde nasceu Eduardo Lourenço e ouvirem, por exemplo, a pergunta "ides a Lisboa?", julgarão que lá se fala um português incompreensivel e degradado.
António Brotas
co-autor do livro "O erro da Ota"
NOTA: A língua viva nem sempre é totalmente clara, tendo cada grupo, local ou profissional, termos próprios que podem ser tidos por idiomáticos e, com o decorrer do tempo, ser compreendidos pelos estranhos ao grupo. É o caso de Ota, elefante branco, etc. Os termos de comparação, de referência, numa data podem não ser entendidos em datas posteriores. Ao ler escritos antigos, muitas vezes me interrogo: o que quis significar com isto? Era apenas uma referência ao um acontecimento da época.
Mas merece mais reflexão a referência de A. Brotas ao ensino, em que deve ser dada mais atenção aos efeitos obtidos e compará-los com os que são desejados, a fim de serem introduzidas as correcções convenientes. A procura da excelência deve ser permanente.
A evolução da língua ou, a "ota" de Vasco da Graça Moura
A língua portuguesa evolui de um modo diferente nos vários países em que é falada.
E às vezes muito rapidamente.
É assim duvidoso que os brasileiros recém chegados a Portugal tenham podido compreender o título "Uma ota ortográfica", do artigo publicado em 28 de Maio no "Público", por Vasco da Graça Moura. É possível que, daqui a dez anos, os dicionários dêem à palavra "ota" o significado com que VGM desde já a usa. Se tal suceder, como co-autor do livro "O Erro da Ota", ficarei muito honrado por ter contribuído para o enriquecimento da língua portuguesa (em Portugal). É, no entanto, provável que a palavra só tenha uso na linguagem corrente com o significado de "elefante branco", tal como "Convento de Mafra", "estádios de futebol", ou mesmo "Porto de Sines" (neste último caso injustamente porque o Porto de Sines ainda pode ser um dos factores importantes do nosso desenvolvimento). Tudo expressões que os falantes dos outros países não compreendem.
Nem sei se os angolanos, por exemplo, dizem "elefante branco".
Possivelmente, um dia dirão: "pakassa negra", ou algo no género, escrevendo com K. Nada disto é importante, nem pode ser significativamente alterado, nem para melhor, nem para pior, pelo anunciado acordo ortográfico.
O que pode ser grave e prejudicar a língua são algumas medidas recentes tomadas por entidades que a deviam defender. Todos sabemos que as crianças têm uma grande capacidade para aprenderem línguas e as esquecerem logo a seguir. Algumas são capazes de aprender inglês com os bonecos animados. Nas nossas escolas o inglês, que tem uma gramática rudimentar, passou a ser ensinado antes dos alunos dominarem minimamente a gramática portuguesa bastante mais complexa. Como ninguém espera que eles vão para o recreio conversar em inglês com o inglês que lhes ensinam nas aulas, o resultado pode ser, unicamente, o de muitos deles nunca mais aprenderem os verbos portugueses.
O Ministério da Educação devia mandar fazer uma muito séria avaliação dos efeitos deste ensino.
Registe-se, que num curso de português para estrangeiros na Faculdade de Letras de Lisboa, foi suprimida nos verbos a segunda pessoa do plural. Se os diplomados por este curso forem à aldeia da Beira onde nasceu Eduardo Lourenço e ouvirem, por exemplo, a pergunta "ides a Lisboa?", julgarão que lá se fala um português incompreensivel e degradado.
António Brotas
co-autor do livro "O erro da Ota"
NOTA: A língua viva nem sempre é totalmente clara, tendo cada grupo, local ou profissional, termos próprios que podem ser tidos por idiomáticos e, com o decorrer do tempo, ser compreendidos pelos estranhos ao grupo. É o caso de Ota, elefante branco, etc. Os termos de comparação, de referência, numa data podem não ser entendidos em datas posteriores. Ao ler escritos antigos, muitas vezes me interrogo: o que quis significar com isto? Era apenas uma referência ao um acontecimento da época.
Mas merece mais reflexão a referência de A. Brotas ao ensino, em que deve ser dada mais atenção aos efeitos obtidos e compará-los com os que são desejados, a fim de serem introduzidas as correcções convenientes. A procura da excelência deve ser permanente.
09/06/2008
Jovens em voluntariado louvável
Mais uma vez, tenho imenso prazer em aqui salientar casos muito esperançosos vindos, de gente jovem, gente de onde sairão os futuros governantes, gestores e dirigentes.
Universitários substituem férias por voluntariado em Maputo. São estudantes de Economia Universidade Nova de Lisboa (UNL) que vão ensinar num curso de Verão em Moçambique, experiência que já vem dos últimos anos.
Vão passar naquele País dois meses em contacto íntimo com estudantes locais, recebendo experiência dos contactos com realidades novas e ensinando coisas que são novas para os naturais daquelas paragens. Acaba por ser uma simbiose com interesse para as duas partes, de que resultam amizades que poderão ser muito úteis para o futuro de todos.
Ao todo, são 16 os jovens (entre 21 e 24 anos, de quatro faculdades) que irão a Maputo participar numa original experiência que já teve três edições. Alguns já participaram antes e ficaram com gosto de voltar.
O Programa Universitários em Maputo (Pumap) é uma iniciativa da Associação Humanitária para a Educação e Apoio ao Desenvolvimento (AHEAD), ligada à Faculdade de Economia da UNL. A ideia é transformar os estudantes em monitores responsáveis por um curso de Verão na Universidade Eduardo Mondlane, na capital moçambicana. O grupo ensina cadeiras de direito e gestão, e, além disso, alguns dos monitores trabalham numa escola primária dos arredores de Maputo, enquanto outros dão cursos de prevenção de HIV/Sida.
Este ano, além das faculdades de economia e de direito da UNL, participam as de ciências sociais e de medicina da mesma universidade. Os estudantes levam os seus próprios livros e sebentas, com os moçambicanos a fornecerem algum apoio logístico (por exemplo, fotocópias).
A experiência que vão ganhar é a vantagem mais referida pelos participantes. O contacto com a vida local, desde os transportes públicos ao alojamento e à alimentação, são enriquecedores para quem está a amadurecer na compreensão da humanidade diversificada e a quebrar barreiras sociais. É importante aprender a ser útil, no terreno.
Universitários substituem férias por voluntariado em Maputo. São estudantes de Economia Universidade Nova de Lisboa (UNL) que vão ensinar num curso de Verão em Moçambique, experiência que já vem dos últimos anos.
Vão passar naquele País dois meses em contacto íntimo com estudantes locais, recebendo experiência dos contactos com realidades novas e ensinando coisas que são novas para os naturais daquelas paragens. Acaba por ser uma simbiose com interesse para as duas partes, de que resultam amizades que poderão ser muito úteis para o futuro de todos.
Ao todo, são 16 os jovens (entre 21 e 24 anos, de quatro faculdades) que irão a Maputo participar numa original experiência que já teve três edições. Alguns já participaram antes e ficaram com gosto de voltar.
O Programa Universitários em Maputo (Pumap) é uma iniciativa da Associação Humanitária para a Educação e Apoio ao Desenvolvimento (AHEAD), ligada à Faculdade de Economia da UNL. A ideia é transformar os estudantes em monitores responsáveis por um curso de Verão na Universidade Eduardo Mondlane, na capital moçambicana. O grupo ensina cadeiras de direito e gestão, e, além disso, alguns dos monitores trabalham numa escola primária dos arredores de Maputo, enquanto outros dão cursos de prevenção de HIV/Sida.
Este ano, além das faculdades de economia e de direito da UNL, participam as de ciências sociais e de medicina da mesma universidade. Os estudantes levam os seus próprios livros e sebentas, com os moçambicanos a fornecerem algum apoio logístico (por exemplo, fotocópias).
A experiência que vão ganhar é a vantagem mais referida pelos participantes. O contacto com a vida local, desde os transportes públicos ao alojamento e à alimentação, são enriquecedores para quem está a amadurecer na compreensão da humanidade diversificada e a quebrar barreiras sociais. É importante aprender a ser útil, no terreno.
06/06/2008
A união faz a força
Ao ter notícia da fraca adesão ao bloqueio às gasolineiras, devido ao elevado preço dos combustíveis, tive a noção de que as pessoas temem tomar atitudes para defenderem os seus interesses, esperando que os outros lhes resolvem os problemas e lhes tragam a solução numa bandeja. Ora, sem união, o povo nada pode, pois só a união faz a força, como diz a parábola dos sete vimes, aqui magistralmente explicada pelo grande Trindade Coelho
Parábola dos sete vimes
“Era uma vez um pai que tinha sete filhos. Quando estava para morrer, chamou-os todos sete, e disse-lhes assim:
- Filhos, já sei que não posso durar muito; mas antes de morrer, quero que cada um de vós me vá buscar um vime seco e mo traga aqui.
- Eu também? – Perguntou o mais pequeno, que tinha só quatro anos. O mais velho tinha vinte e cinco e era um rapaz muito reforçado e o mais valente da freguesia.
- Tu também - respondeu o pai ao mais pequeno.
Saíram os sete; e daí a pouco tornaram a voltar, trazendo cada um seu vime seco.
O pai pegou no vime que trouxe o filho mais velho e entregou-o ao mais novinho, dizendo-lhe:
- Parte esse vime.
O pequeno partiu o vime, e não lhe custou nada a partir.
Depois, o pai entregou outro ao mesmo filho mais novo e disse-lhe:
- Agora parte também esse.
O pequeno partiu-o; e partiu, um a um, todos os outros, que o pai lhe foi entregando, e não lhe custou nada parti-los todos. Partindo o último, o pai disse outra vez aos filhos:
-Agora ide procurar outro vime e trazei-mo.
Os filhos tornaram a sair e daí a pouco estavam outra vez ao pé do pai, cada um com o seu vime.
- Agora dai-mos cá - disse o pai.
E dos vimes todos fez um feixe, atando-os com um vincelho.
E, voltando-se para o filho mais velho, disse-lhe assim:
- Toma este feixe! Parte-o!
O filho empregou quanta força tinha, mas não foi capaz de partir o feixe.
- Não podes? - perguntou ele ao filho.
- Não, meu pai, não posso.
- E algum de vós é capaz de o partir? Experimentai.
Não foi nenhum capaz de o partir, nem dois juntos, nem três, nem todos juntos.
O pai disse-lhes então:
- Meus filhos, o mais pequenino de vós partiu, sem lhe custar nada, todos os vimes, enquanto os partiu um por um; e o mais velho de vós não pode parti-los todos juntos; nem vós, todos juntos, fostes capazes de partir o feixe. Pois bem, lembrai-vos disto e do que vos vou dizer: enquanto vós todos estiverdes unidos, como irmãos que sois, ninguém zombará de vós, nem vos fará mal, ou vencerá. Mas logo que vos separeis, ou reine entre vós a desunião, facilmente sereis vencidos.
Acabou de dizer isto e morreu – e os filhos foram muito felizes, porque viveram sempre em boa irmandade ajudando-se sempre uns aos outros; e como não houve forças que os desunissem, também nunca houve forças que os vencessem”.
Trindade Coelho. In: Os meus amores
Parábola dos sete vimes
“Era uma vez um pai que tinha sete filhos. Quando estava para morrer, chamou-os todos sete, e disse-lhes assim:
- Filhos, já sei que não posso durar muito; mas antes de morrer, quero que cada um de vós me vá buscar um vime seco e mo traga aqui.
- Eu também? – Perguntou o mais pequeno, que tinha só quatro anos. O mais velho tinha vinte e cinco e era um rapaz muito reforçado e o mais valente da freguesia.
- Tu também - respondeu o pai ao mais pequeno.
Saíram os sete; e daí a pouco tornaram a voltar, trazendo cada um seu vime seco.
O pai pegou no vime que trouxe o filho mais velho e entregou-o ao mais novinho, dizendo-lhe:
- Parte esse vime.
O pequeno partiu o vime, e não lhe custou nada a partir.
Depois, o pai entregou outro ao mesmo filho mais novo e disse-lhe:
- Agora parte também esse.
O pequeno partiu-o; e partiu, um a um, todos os outros, que o pai lhe foi entregando, e não lhe custou nada parti-los todos. Partindo o último, o pai disse outra vez aos filhos:
-Agora ide procurar outro vime e trazei-mo.
Os filhos tornaram a sair e daí a pouco estavam outra vez ao pé do pai, cada um com o seu vime.
- Agora dai-mos cá - disse o pai.
E dos vimes todos fez um feixe, atando-os com um vincelho.
E, voltando-se para o filho mais velho, disse-lhe assim:
- Toma este feixe! Parte-o!
O filho empregou quanta força tinha, mas não foi capaz de partir o feixe.
- Não podes? - perguntou ele ao filho.
- Não, meu pai, não posso.
- E algum de vós é capaz de o partir? Experimentai.
Não foi nenhum capaz de o partir, nem dois juntos, nem três, nem todos juntos.
O pai disse-lhes então:
- Meus filhos, o mais pequenino de vós partiu, sem lhe custar nada, todos os vimes, enquanto os partiu um por um; e o mais velho de vós não pode parti-los todos juntos; nem vós, todos juntos, fostes capazes de partir o feixe. Pois bem, lembrai-vos disto e do que vos vou dizer: enquanto vós todos estiverdes unidos, como irmãos que sois, ninguém zombará de vós, nem vos fará mal, ou vencerá. Mas logo que vos separeis, ou reine entre vós a desunião, facilmente sereis vencidos.
Acabou de dizer isto e morreu – e os filhos foram muito felizes, porque viveram sempre em boa irmandade ajudando-se sempre uns aos outros; e como não houve forças que os desunissem, também nunca houve forças que os vencessem”.
Trindade Coelho. In: Os meus amores
Patriotismo futeboleiro
Transcrição de post do blog Arsénio Mota
Uma louca vertigem varre o país de lés a lés e, dia após dia, embrulha-o numa onda asfixiante. Televisão, jornais e rádios esbracejam em frenética diligência até à geral sufocação; empresas gritam o apoio tão magnânimo que concedem anunciando-o através das tubas da sua fama, e todos, todinhos no povo raso e mais alguns, não querem ficar-lhes atrás. Rezam mesmo pela vitória dos novos messias que se preparam para salvar a pátria.
Andamos bem informados. Sabemos a cada momento onde eles, os novos messias, estacionam, vemos os seus alojamentos, o cozinheiro explica-nos o que lhe dá a comer, depois o seleccionador, o empresário, o amigo do lado, o médico, o jornalista que está lá a ver no meio do grupo de mirones, torna a explicar coisa nenhuma, e sabemos dos treinos, e dos programas, e das peripécias, e de tudo o mais, e etc., sem esquecer o sensacional caso da formiguinha coxa e de outras niquices em desfile interminável.
No campo de futebol temos o modelo perfeito da sociedade capitalista. Vence ali a força competitiva do dinheiro mais musculado. Educativo até à corrupção das regras.
Aos novos messias, grandes atletas, está garantida uma segurança que nem todos os chefes de Estado com menos de cinco estrelas usufruem. Valem uma carrada de milhões, é claro. São deuses! Esperamos deles o milagre redentor nosso.
E não se vê ninguém a perguntar de onde sai o dinheiro que paga aquela equipa mais os técnicos e quantos a servem, aquela factura toda. Ninguém pára a perguntar-se quanto custa um golo, isto é, por quanto fica cada um metido na baliza dos «outros» e quantos, entre nós, terão de pagá-lo ou já o pagaram. E ninguém parece duvidar que o pé que chutou aquela bola para a baliza tem mérito afirmado para valer, a partir desse momento, mais uns quantos milhões. E o ceguinho ainda menos vai perceber algum dia que quanto mais gente massificada estiver de olhos postos nos espectáculos desportivos, mais os futebolistas vão valer no mercado dos jogadores (tal como os actores do cinema ou da televisão ganham conforme as suas audiências).
Teremos de concordar com os orquestradores de serviço nesta campanha embrutecedora. É preciso convencer o povo de que aqueles novos messias vão salvar a pátria. Basta a vitoriazinha, um golo certeiro. Instalemos portanto no país um patriotismo futeboleiro (depois de alterarmos as feições do sentimento patriótico): na era da «globalização» temos empresas, temos privatizações, não resta mais «país», «nação».
Que portugueses se preocupam agora, nesta asfixia, com o derradeiro escândalo nacional? Com a situação dos sistemas da Justiça, da Educação, da Saúde, reconhcidamente essenciais ao Estado democrático? Quem vai perguntar se a Polícia Judiciária, por exemplo, tem reais meios para operar contra os grandes piratas modernos? Alguém irá erguer a voz e perguntar se a pátria tem viabilidade económica ou se estará a afundar-se enquanto prossegue este baile?
Ora! Esperemos o milagre. Basta um golo certeiro e a vitória será nossa. E a pátria será salva! Viva o patriotismo da bola, de bandeiras ao vento nas janelas e nas varandas! Viva!
Publicada por Arsénio Mota
NOTA: Nada acontece por acaso. Algo há por detrás disto para que toda a Comunicação Social, serviços e instituições públicas aproveitam esta oportunidade de alienação das massas chegando ao ponto de permitem a paragem de actividade para se verem os relatos dos jogos.
É a preparação e manutenção do «coma induzido» em que pretendem colocar o povo. O embrutecimento dos cérebros da população é benéfico para a imposição, sem resistência, de medidas dominadoras próprias de regimes totalitários. Hitler pretendeu transformar a sociedade num pequeno grupo de pensantes e transformar a grande maioria em animais com músculo para trabalhar e com um mínimo de matéria cinzenta que lhe permitisse apenas obedecer sem refilar. Agora, com a engenharia genética e com o controlo central da Comunicação Social, esse objectivo é mais fácil de atingir.
O futebol é um meio útil para esse fim e ei-lo no seu melhor para satisfação dos detentores do Poder.
Uma louca vertigem varre o país de lés a lés e, dia após dia, embrulha-o numa onda asfixiante. Televisão, jornais e rádios esbracejam em frenética diligência até à geral sufocação; empresas gritam o apoio tão magnânimo que concedem anunciando-o através das tubas da sua fama, e todos, todinhos no povo raso e mais alguns, não querem ficar-lhes atrás. Rezam mesmo pela vitória dos novos messias que se preparam para salvar a pátria.
Andamos bem informados. Sabemos a cada momento onde eles, os novos messias, estacionam, vemos os seus alojamentos, o cozinheiro explica-nos o que lhe dá a comer, depois o seleccionador, o empresário, o amigo do lado, o médico, o jornalista que está lá a ver no meio do grupo de mirones, torna a explicar coisa nenhuma, e sabemos dos treinos, e dos programas, e das peripécias, e de tudo o mais, e etc., sem esquecer o sensacional caso da formiguinha coxa e de outras niquices em desfile interminável.
No campo de futebol temos o modelo perfeito da sociedade capitalista. Vence ali a força competitiva do dinheiro mais musculado. Educativo até à corrupção das regras.
Aos novos messias, grandes atletas, está garantida uma segurança que nem todos os chefes de Estado com menos de cinco estrelas usufruem. Valem uma carrada de milhões, é claro. São deuses! Esperamos deles o milagre redentor nosso.
E não se vê ninguém a perguntar de onde sai o dinheiro que paga aquela equipa mais os técnicos e quantos a servem, aquela factura toda. Ninguém pára a perguntar-se quanto custa um golo, isto é, por quanto fica cada um metido na baliza dos «outros» e quantos, entre nós, terão de pagá-lo ou já o pagaram. E ninguém parece duvidar que o pé que chutou aquela bola para a baliza tem mérito afirmado para valer, a partir desse momento, mais uns quantos milhões. E o ceguinho ainda menos vai perceber algum dia que quanto mais gente massificada estiver de olhos postos nos espectáculos desportivos, mais os futebolistas vão valer no mercado dos jogadores (tal como os actores do cinema ou da televisão ganham conforme as suas audiências).
Teremos de concordar com os orquestradores de serviço nesta campanha embrutecedora. É preciso convencer o povo de que aqueles novos messias vão salvar a pátria. Basta a vitoriazinha, um golo certeiro. Instalemos portanto no país um patriotismo futeboleiro (depois de alterarmos as feições do sentimento patriótico): na era da «globalização» temos empresas, temos privatizações, não resta mais «país», «nação».
Que portugueses se preocupam agora, nesta asfixia, com o derradeiro escândalo nacional? Com a situação dos sistemas da Justiça, da Educação, da Saúde, reconhcidamente essenciais ao Estado democrático? Quem vai perguntar se a Polícia Judiciária, por exemplo, tem reais meios para operar contra os grandes piratas modernos? Alguém irá erguer a voz e perguntar se a pátria tem viabilidade económica ou se estará a afundar-se enquanto prossegue este baile?
Ora! Esperemos o milagre. Basta um golo certeiro e a vitória será nossa. E a pátria será salva! Viva o patriotismo da bola, de bandeiras ao vento nas janelas e nas varandas! Viva!
Publicada por Arsénio Mota
NOTA: Nada acontece por acaso. Algo há por detrás disto para que toda a Comunicação Social, serviços e instituições públicas aproveitam esta oportunidade de alienação das massas chegando ao ponto de permitem a paragem de actividade para se verem os relatos dos jogos.
É a preparação e manutenção do «coma induzido» em que pretendem colocar o povo. O embrutecimento dos cérebros da população é benéfico para a imposição, sem resistência, de medidas dominadoras próprias de regimes totalitários. Hitler pretendeu transformar a sociedade num pequeno grupo de pensantes e transformar a grande maioria em animais com músculo para trabalhar e com um mínimo de matéria cinzenta que lhe permitisse apenas obedecer sem refilar. Agora, com a engenharia genética e com o controlo central da Comunicação Social, esse objectivo é mais fácil de atingir.
O futebol é um meio útil para esse fim e ei-lo no seu melhor para satisfação dos detentores do Poder.
01/06/2008
Dia mundial da criança
As crianças de hoje serão os cidadãos de amanhã, os governantes que terão em suas mãos os destinos de Países e do mundo.
Neste dia especial, é oportuno fazer renascer em nós a convicção de que todos os adultos devem, mesmo que por poucos instantes, considerar-se crianças para, com naturalidade e inocência, praticarem o amor e esquecerem ódios, invejas e ambições destrutivas. A inocência das crianças é um espelho em que nos devemos rever.
Elas deveriam crescer com ideais puros para tornar o mundo melhor, mas, infelizmente, os exemplos dos crescidos raramente as incitam ao bem, com repúdio de hostilidades a tudo o que é diferente, com amor à Natureza, ao ambiente e aos valores de humanidade.
É nossa responsabilidade, como adultos conscientes, ajudá-las a tornar-se cidadãos responsáveis, respeitadores e defensores dos Direitos Universais do Homem.
Neste dia especial, é oportuno fazer renascer em nós a convicção de que todos os adultos devem, mesmo que por poucos instantes, considerar-se crianças para, com naturalidade e inocência, praticarem o amor e esquecerem ódios, invejas e ambições destrutivas. A inocência das crianças é um espelho em que nos devemos rever.
Elas deveriam crescer com ideais puros para tornar o mundo melhor, mas, infelizmente, os exemplos dos crescidos raramente as incitam ao bem, com repúdio de hostilidades a tudo o que é diferente, com amor à Natureza, ao ambiente e aos valores de humanidade.
É nossa responsabilidade, como adultos conscientes, ajudá-las a tornar-se cidadãos responsáveis, respeitadores e defensores dos Direitos Universais do Homem.
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