Envelhecer no corpo, crescer na alma
Transcrição de texto de Rossana Maia Angelini
A vida é aprendizagem constante. Assim, deveríamos encarar todo o percurso que temos a viver. Creio que o envelhecimento do corpo faz parte dessa trajectória e, para muitas pessoas, vai na contramão, pois o corpo envelhece, mas a alma parece crescer, aperfeiçoa-se nesse processo.
Envelhecer deveria nos dirigir para o encontro do amor e da sabedoria constante. Um aperfeiçoamento que precisamos buscar em vida enquanto estamos. Talvez a sabedoria resida nesse caminhar para a serenidade, para a compreensão mais alargada do outro. Entretanto quantas pessoas envelhecem, estão na terceira idade e não se dão chance de crescer na alma, de ser uma pessoa melhor, mais afectiva, mais compreensiva, mais acolhedora.
É interessante olhar para a velhice e ver tanta gente endurecida – pessoas que passaram grande parte da vida hostilizando outras pessoas, julgando, muitas amargas, e que permanecem nesse mesmo lugar, apesar do afeto com que são tratadas por outras pessoas mais humanizadoras. Penso que envelhecer é se dar a chance de confraternizar, de semear carinho e amor. No entanto, como chegar a esse caminho, se a vida foi tão dura e maltratou tanto, por tanto tempo? Como compreender esse movimento?
Muitas pessoas na terceira idade conseguiram dar o salto, perceberam-se e se tornaram melhores, mais amáveis, mais acolhedoras. Porém, muitas ainda permanecem na sua rigidez, no orgulho, no egoísmo, na impossibilidade do afeto, da ternura, de um gesto de generosidade, verdadeiro. Triste!
Muitas pessoas vivem tanto tempo e não se dão conta de que pararam no tempo, olhando para si mesmas como vítimas eternas de seu próprio desamor. Envelhecer requer sabedoria e, acima de tudo, humildade para perceber-se e sentir, verdadeiramente, o outro. Nem todas estão preparadas... Entender tal procedimento, entende-se, mas o convívio torna-se áspero, artificial, distante.
Não é porque envelhecemos que nos tornamos “santos”, o respeito é fundamental por parte de todos, sempre! Agora, o amor...?
Fica o convite à reflexão.
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