A JANELA
A janela que se abre
sobre a rua ou o jardim,
ou sobre o beco e a escada
dos mundos que nao têm fim.
A janela do idoso
do inválido, o solitário,
único ponto de encontro
dos em exílio involuntário.
A janela ampla, larga,
dos prédios de grande luxo
e a da vidraça quebrada
do bairro de lata , escuso.
A janela da empregada
interna, no seu degredo,
pr´a falar com o namorado
e repartir seu segredo.
A janela dos voyeurs,
no seu assombro indevido,
pr´a recordar outros tempos,
ou o tempo já vivido.
A janela da espr´ança
alegre, cheia de vida,
onde se canta e se exulta
a esperança renascida.
A janela da prisão,
grades fortes guarnecida,
onde a espr´ança é privação
numa vida destruída.
A janela do bébé
descobre o mundo em redor,
e balbucia contente
o au-au ou o pó-pó...
A janela do coração
sempre aberta ou fechada,
segundo a vida é vivida,
com amor ou amargurada.
A janela da meiguice,
que todos os mundos abre,
onde num sorriso ou carícia,
sabe bem, a quem o sabe.
E a janela do Amor,
incondicional, imensa,
onde tudo o que há de mau
se dissolve e não se adensa.
E as janelas da vida
que abrimos ou fechamos,
e por medo ou covardia,
tantas vezes ignorámos.
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