16/09/2020

MEDO DA MORTE

Medo de morrer!
Reflexões baseadas em entrevista de Isabel Allende

A morte é um fenómeno natural como o nascimento. Não sabemos quando nem como acontece, mas não devemos ter medo.

Agora, sob o efeito da pandemia, devemos repensar a nossa ligação às coisas. Devemos aprender a simplificar a emoção da relação com as coisas, pois, na verdade, não nos pertencem e devem servir-nos apenas para viver.

Libertemo-nos daquilo que não nos é necessário e convençamo-nos de que precisamos de muito pouco para viver e isso será cá deixado. Realmente, temos muitas coisas a mais que, embora nos tenham dado prazer e motivos de vaidade, são desnecessárias e dispensáveis.

Depois da meditação sobre as muitas coisas que temos e que não são essenciais, convém perceber quem são os verdadeiros amigos e as pessoas com quem desejamos estar e com quem aprendemos algo de importante e útil nesta fase da vida.

 Devemos aproveitar esta pandemia para compreendermos melhor a realidade e fazer uma sensata triagem das prioridades. E devemos procurar aceitar que cada pessoa tem as suas prioridades e recursos, embora, globalmente sejamos uma única família, sofrendo todos em consequência de uma infecção original ocorrida num indivíduo dos antípodas. Aquilo que aconteceu em Wuhan, na China, está a ter reflexo em todo o planeta o que nos convence de que é uma ilusão um país (ou uma tribo) se considerar isento dos problemas ocorridos do outro lado do globo. Na verdade, as pessoas não podem viver isoladas e seguras por muralhas ou paredes.

A actual pandemia está a criar-nos uma nova mentalidade e a humanidade está a caminhar para uma futura normalidade. Os jovens e muitos artistas, cientistas, homens e mulheres, estão interessados em organizar um novo tipo de futuro.
Estamos condenados a perder tudo. 

Quanto mais temos mais perdemos. Perdemos os nossos pais, outros familiares, pessoas muito estimadas, animais de estimação e acabamos por perder as qualidades físicas e mentais.

Mas não podemos viver com medo. Não queiramos ter medo dum futuro negro porque, dessa forma tornamos negro o nosso dia-a-dia.

É preciso manter serenidade para vivermos o presente da melhor forma possível. O dia de hoje é real e devemos procurar ser felizes porque o amanhã é incerto.

A concluir, deve haver sensibilidade para a apreciação da nova disciplina escolar de Educação Cívica. Não se deve criticar acidamente a abertura para uma normalidade mais sensata, resultante de reflexões sobre a normalidade tradicional, mas também não se deve forçar uma mudança cuja aceitação por imposição pode custar a muita gente e causar agressividade. Será mais sensato aceitar a progressiva abertura de bons pensadores que, com as suas novas ideias, iniciem informalmente a preparação para que uma nova moralidade se desenvolva pacificamente. 

A concretização de nova sociedade, proveniente de novas mentalidades deve ter uma gestão espontânea, recebendo alguns retoques para evitar conflitos desnecessários e que podem servir de travões indesejados. 

O medo de um futuro negro pode tornar o presente mais trágico, com conflitos indesejados. 

Sem comentários: